Livro Didático X Apostila

Na ânsia de oferecer ao filho um ensino de qualidade, é comum ver famílias em dúvida sobre que escola escolher: a que usa livro didático ou a que adota um famoso sistema de ensino. O Colégio São Judas Tadeu, escola na Mooca entre as mais tradicionais de São Paulo, é a favor do uso de livros didáticos na sala de aula. O primeiro motivo é que o São Judas defende que o professor seja um modelo para seus alunos. Para isso, ele precisa ter espaço para ser autônomo, pensante, autoral, dinâmico e reflexivo.

Com a adoção dos sistemas apostilados, torna difícil o professor desempenhar bem seu papel, pois o material é estruturado de maneira que ele não seja autor de suas propostas de trabalho. As atividades, a sequência de conteúdos e os próprios conteúdos estão prontos, fixos, dispostos de maneira linear e, muitas vezes, distantes do cotidiano dos estudantes. Tais sistemas medem o sucesso de alunos e de professores por meio de metas estabelecidas, de quantidade de aulas sequenciais vencidas.

Sendo assim, é fundamental refletir sobre que tipo de modelo se torna um professor que não é autor daquilo que ensina e que, tampouco, goza de liberdade pedagógica para escolher como e quando ensinar. “Se queremos formar cidadãos capazes de criar, de inventar, de agir com autonomia e responsabilidade, o exemplo necessariamente precisa partir da prática dos mestres”, analisa o professor José Ribeiro Filho.

“O sistema apostilado sugere um currículo restrito e fragmentado, desconsiderando as experiências de vida e a formação integral do aluno. Muitas vezes, traz conteúdos resumidos e esquematizados, engessando a prática pedagógica e limitando as possibilidades que surgem a partir de questionamentos dos alunos”, afirma Sineide Esteves Peinado, diretora do São Judas. Para ela, a escola deve dar ao corpo docente liberdade para escolher o material e também para trocá-lo sempre que achar necessário.

É preciso também considerar o custo. O livro didático é mais acessível financeiramente: muitas vezes, o mesmo livro pode ser utilizado por mais de um aluno, em diferentes anos, ou ser adotado como material para diferentes séries. “Também devemos levar em conta o fato de que eventuais aumentos de custos com sistemas apostilados são mais difíceis de serem contornados. Afinal, é mais fácil a troca de um livro que eventualmente tenha ficado caro do que de todo um sistema apostilado, para todas as disciplinas”, explica a professora Mônica Miotto Bertolini, coordenadora do São Judas.

A escolha do material didático

A orientação dada aos professores é que, primeiramente, sejam observados os títulos que fazem parte do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC), que estabelece avaliações bastante criteriosas, como não veicular preconceitos de condição social, regional, étnico-racial, de gênero, de orientação sexual ou de linguagem, assim como qualquer outra forma de discriminação ou de violação de direitos etc. “Cada professor, junto com a sua equipe, verifica os conceitos, os exercícios propostos, as ilustrações e os textos. São examinados vários títulos, ponderando o perfil do aluno e o projeto político pedagógico da escola. Também se consideram o trabalho de assessoria e a oferta de recursos adicionais por parte da editora”, explica a diretora Sineide.

A filosofia do São Judas é estimular o espírito investigativo dos alunos. É preciso tomar cuidado para não treinar os alunos somente para provas e testes, especialmente na Educação Básica. A adoção de todo material didático deve levar em consideração a filosofia e a metodologia da escola, o perfil do aluno e a experiência de sala de aula do professor. É uma decisão que deve ser analisada com cuidado para que se possa ir além do currículo, das notas e dos conteúdos.

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